A música silenciosa das nossas palavras.
Ali do lado, bem ali do lado, um café com letreiro em alto relevo, discos de vinil e pinguins decorativos. Ali do lado, também, uma vela sem barco trêmula, esvoaçante, embalada pelo vento da Asa Norte.
Eu amo a luxúria do teu suor pingando no meu corpo nu. E bendito é teu nome dentre meus versos, bendito é o fruto do nosso ventre, minha luz.
Adornos praianos, rústicos, encavados. Caras, bocas, sorrisos, caretas, braços. Uma flâmula vermelha. "Salva-vidas" Um porto seguro, quem sabe, no meio do mar de asfalto?
Então vejo seu corpo dourado, prensado numa parede pichada, sem cabeça, sem braços, sem abraços nem mágoas. Por que de perto, ninguém é normal, que todos deixam de ser só mais um e passas a ser um só.
As bitucas de cigarro já apagadas. Essa fumaça que saia da sua boca... era da nicotina ou do calor de macios cabelos loiros?
Não sei, só sei que tenho de fazer posições impossíveis em meios de transporte enferrujados. E mesmo assim a vida anda, impassível, completamente alheia às forças da natureza, encaixando imperfeitamente no poder de nossas escolhas.
Engraçados como suas frases ficaram mais longas depois da primeira leitura. A gente sempre fala mais do que sabe mais. Então eu vou mudar o assunto, vamos ver o quanto o tom se mantém em um novo assunto. Um dois três, já! Eu não gosto de maionese no pão.
Das destrezas das dúvidas direto dos dados dicótones dessa dana vida, aos dias dois-em-dois das definições definitivas. Não é mesmo?
É que eu não acho que acidez combine com quentura. Perde-se o ardidinho da maionese, perde-se o gostinho de manhã-fria-que-ficou-amena-depois-do-café do pão, perde-se tudo. Ao que é corrosivo, o que deve ser corroído; ao que é suave o que dever ser suavizados. Certeza que o Moçoila deve curtir pão com maionese.
Deu-se um tiro no escuro e acertou-se em cheio a poesia.
André e Amanda