quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Sobre o amor

Dizem que o Francês
é a língua do
amor. (L'amour)

Mas não pode ser
verdade,
pois não amo em francês.
Quelle chose!

Tentei descobrir
a língua do
amor.
Mas não amo em
portugês (amor),
 nem em
espanhol (amor),
 nem em
turco (aşk),
 nem em
italiano (amare),
 nem em
esperanto (amas).

Descobri então que
a única língua possível
pro amor
é a língua do
corpo ( ).

Essa sim é universal.

terça-feira, 29 de outubro de 2013

Minha Loucura

A minha loucura é
crer no possível
como uma criança
crê no impossível,
com uma fé tácita,
com a esperança de que
a fantasia se torne
realidade.

A minha loucura é
ter sido feito ao
contrário,
quando o ar frio da noite
esquenta meu pulmão.

A minha loucura é
crer que um dia seus
olhos
irão ver o ar que eu respiro
e não o brilho de luz de
um telefone pós-
moderno
intergalático do
hiperespaço.

Minha loucura é
ter certeza de que
se eu fechar bem meus
olhos,
irei estar
magicamente
do seu lado.

Minha loucura é
te amar, como
um homem sedento
ama a água gelada,
com voracidade
e idolatria.

Minha loucura é
querer rolar na
grama
ao seu lado,
beijar seu rosto
num dia cinzento,
beijar sua boca
numa noite fria
e sentir que só assim
poderia me esquentar.

Minha loucura é
toda a sanidade que
falta
no mundo.

Minha loucura é
a pré-psicose
do amor.

Minha loucura é
a beleza da vida.

Minha loucura é
amar uma mulher.
Amar você.

Apenas peço que,
se me taxarem de louco,
não me curem,
pois
Minha loucura é
minha alegria,
minha loucura é
tudo que eu quero,
minha loucura é
tudo que eu posso,
minha loucura é
toda minha fé.

Minha loucura é
de delírios apaixonados,
minha loucura diz:
dê lírios, apaixonado.

A minha loucura é
crer no possível
como uma criança
crê no impossível,
com um sorriso,
com o corpo,
com a alma.

Minha loucura é
toda a sanidade que
falta
no mundo.

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Barriga cheia.

Barulhos difusos e
ecos
e cores escandalosas
e todos meus sentidos se
acossam.

Poderiam me dizer,
é uma cilada.
Mas e se acabar sendo tudo
uma salada?

Palavras, palavras.
Vocês me fazem dar voltas em torno de
mim.
Será que eu posso devorá-las?

Se eu engolir palavras demais,
eu fico gordo?
Se eu engolir palavras demais,
eu fico mudo?
Se eu engolir palavras de mais,
minha barriga fica cheia de vazio?

Uma hora vomita-se.

domingo, 27 de outubro de 2013

Seu rosto, tu rostro.

Se eu sinto                                                                         Si yo siento
a paz                                                                                          la paz
e o amor                                                                               y el amor
só por ter seu rosto na minha               solo por tener tu rostro en mi 
memória,                                                                              memoria,

Como seria se tivesse                                  ¿Como seria si yo tuviera 
seu corpo ao meu lado?                                        tu cuerpo a mi lado?

Hoje estou só.                                                           Hoy estoy solo.
Só com você                                                                  Solo contigo
(e)s(t)ou.                                                                              (e)s(t)oy.

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Tempo

Estava sentado no banco da praça
quando vi ao longe
ele
passando.

Fiquei surpreso, havia muito que não me dava conta
que ele sempre passava
ali.

Ele me acenou, deu um sorriso,
perguntou da minha família,
de mim.

Tudo bem, eu disse. E
como...
Antes de terminar a pergunta,
ele já havia passado.

Fiquei me perguntando
quantas vezes isso já não havia
acontecido?

Quantas vezes o tempo se aproximou e
passou
sem me dar notícias?

Fico preocupado com
a sua mãe,
quero saber como anda o negócio do seu pai
e me preocupo se seus filhos
estão de recuperação no colégio.

Mas ele está sempre passando,
rápido demais,
para me responder perguntas.

Enquanto isso,
eu passo.

Estou de portas abertas

Eu queria te mandar fotos.
Todas as fotos
de todos os dias
de todas as vezes
em que fui alguém.

O que mais poderia compartilhar
contigo?
É tudo que tenho.
Minhas fotos e
minhas palavras,
que nem minhas mais são, já que dei-as todas
para você.

Um dia me levantarei e direi:
"foi isso que eu vivi"
porém agora eu não posso dizer isso
ainda tenho tanto o que viver,
não consigo me encerrar agora.

Você me diria
                                                                                                                      para continuar aberto.
E se continuar?
E se me abrir?

Só posso te pedir que
Entre.

Por favor, entre.

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Passo a passo

A cada passo,
um espaço novo.
A cada espaço,
um ex-passo se vai.

Nunca andei em milhas,
por que aprendi que a distância se ganha em
quilômetros.

E quilômetro a
quilômetro,
troquei um passo por
outro.

Passo
a
passo
a
passo
a
passo.

Passei.
Andei.
Vivi.
E um outro dia
te quis.

O tempo resolveu não passar.


36

Depois de 36 horas sem dormir,
encontro forças.
Depois de 36 dias sem dormir,
encontro forcas.

Mas vivo ou morto,
procuro você.

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Your ego is writing checks your body can't pay.

Nos pedem, quase todos os dias
uma rima.
Como podemos devolver esse pedido
se estamos perdidos?

Se mal sei as palavras que devo dizer,
como vou adivinhar as suas?

E o pior.
Seguimos tentando.
Somos aliados
alienados.

Eu te prometo coisas que
nunca
vou conseguir te dar.

e por isso você me
ama.


Drunkship of Lanterns

Os sons e ritmos são frenéticos
As frases misturando inglês e espanhol
e barulhos futurísticos.

Futurísticos como nós
achamos
que pode ser o futuro.

Mas assim como os filmes do tipo
2001: uma odisseia no espaço
estamos sempre,
sempre,
sempre
geralmente
errados.

Enquanto isso nós vamos passando
o tempo,
o quanto dá,
até chegarmos no futuro indispensável
da morte.

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Sucrilhos.

Como me sinto cansado.
Cansado de ti e de
suas palavras.

Estou cansado
cansado das suas idéias
cansado da sua Alteridade
tão
incomoda.

A melancolia me
volta para o meu
mundo.

Minhas palavras parecem
curtas...
mas são inteiras o quanto
podem.

E o engraçado é que poderia falar
sobre você, sucrilho.
Mas acabo falando de mim.

E somos tão diferentes assim, sucrilho?
Por que você seria melhor do que eu?
Também não posso ser açucarado?

Você está certo,
não.
Não posso ser nada do que você é, sucrilho,
pois estou preso a quem eu serei no meu atual passado.

Mas ainda saio por cima,
já que estou te comendo.

então foda-se.

Murphy

Ela me perguntou se eu
acreditava
em Murphy.

Bom, não tinha muito o que fazer
então disse:
sim.

Mas muito?
ela me perguntou, surpresa.
Por que não?
foi o que eu disse.

E como fica sua vida desse jeito?
(Que espécie de pergunta era aquela?)
A vida fica do jeito que fica, ora bolas.

Murphy me ensinou que pode até
existir final feliz,
mas entrar na banheira pode ser
frustrante.

Assim como pode existir
um bom poema.
Mas aposto que você se frustrou
aqui.

domingo, 13 de outubro de 2013

Cien Pesos

Se dois pesos, duas medidas
então cien pesos, cem medidas?

Cem pesos, sem medidas?
Sem pesos, cem mentiras?

Siempre sós, cien presos?

Vejo minha nota de cien pesos e penso:
Poderia estar deitado.
Mas cá estou eu en el oscuro.
E nada me faz sentido.
Nada me faz sentir dor.

Cien pesos. Cien mordidas.
Sem pesos, sem vida.



sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Tornar-se

Assim como tornar-se
um psicanalista,
tornar-se
um escritor
é uma questão de
hábito.

Você vai fazendo algumas
merdas
aqui e outras
ali
e um belo dia você faz um
tolete 
que te lembra a 
Vênus de Milo.
Ai você sabe que está no caminho certo.

Certo ou errado
é um caminho sem volta,
um desfile presidencial sem escolta:
você sabe que vai dar merda
mas você continua
indo

E ainda tem a coragem de
sorrir
no caminho.

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

O Homem sem Opinião

O homem sem opinião faz isso.
É!
Exatamente isso!

Mas ele tem certeza do que está fazendo?
Bom,
são
vários
tópicos
e
pontos
a
serem
con-
siderados.

Mas ele, pelo menos, está
feliz?
Assim, ser
feliz
é algo que
pode ser
como que
importante. Claro.
Pra alguns,
pra outros,
pra uns
meio marotos.
Mas tem que ver isso aí.

Mas pelo menos o
homem sem
opinião se realiza todos os dias:
ele gosta muito da parte do horóscopo do jornal
e até está pensando em
fazer
uma assinatura de um site.
Mas disse que ainda precisa checar algumas
opiniões.

Chá

E desce quente
o quanto for
pela minha garganta.

E desce firme,
gelada dor,
pelo meu corpo.

E desde sempre
, desde que me lembro
, desde que me desmembro,
as coisas são meio assim.

Assim como?
assim,
sem [   ]


quarta-feira, 9 de outubro de 2013

A Burocracia de um Assalto

- Olá, o que o senhor deseja?

- TODO MUNDO QUIETO ISSO AQUI É... um... assalto... Eu tenho uma arma!

Ele brandiu a arma pra cima, mas parece que os frequentadores do café não estavam prestando muita atenção naquilo, as conversas continuavam, as risadas, o barulho de talher e até mesmo a porra do sorriso da mulher no caixa.

- Mas que porra é essa? EU ESTOU ARMADO! Você não tá vendo não? - perguntou ele meio anestesiado para a caixa.

- Sim, senhor, pelo que eu entendi você gostaria de realizar um assalto, está correto?

- É óbvio! Eu estava gritando isso agora a pouco!

- Muito bem, o senhor conhece as opções da casa?

- Opções...?

- Sim, senhor, nós possuímos o assalto regular, que pode vir no tamanho pequeno, médio ou grande, temos o assalto simples, que é só da caixa registradora, temos os combos, que aí o senhor pode escolher alguns frequentadores pra poder roubar os pertences também.

- Não estou entendendo. - ele realmente estava perdido.

- Como o senhor está armado, recomendo o nosso novo assalto que tem feito muito sucesso, que é o assalto relâmpago à mão armada. Por apenas 500 reais você pode levar até 1000 reais direto da nossa caixa registradora!

- Pera aí, você tá maluca? Você tá dizendo que eu preciso pagar para poder te assaltar, EU TENHO UMA ARMA!

- Temos também a opção do assalto demorado a mão armada, que é um escolha mais sábia, tenho de concordar com o senhor. Por 700 reais você pode pegar até 5000 do caixa, que talvez seja nossa melhor oferta para você.

- Olha, mulher... Joana - é isso que tá escrito no crachá? Olha, Joana, eu preciso te falar uma coisa. Eu não venho assaltar os lugares carregado com 500, 700 reais. Se eu tivesse essa grana eu não estaria assaltando!

- Nós compreendemos, senhor. Se você puder preencher este formulário aqui, nós lhe daremos os 5000 reais agora e você pode pagar a taxa de 700 reais em até 4 vezes sem juros.

Neste momento, o ladrão que estava a beira de um colapso nervoso, resolveu avaliar suas opções. Pediu uma cópia do formulário e se afastou da direção do caixa, alguns clientes estavam impacientes para fazerem pedidos ou pagar a conta e este homem estava atrasando a todos. As informações eram simples - nome, endereço, idade, essas coisas. Ele preencheu seus dados e retornou ao caixa.

- Com licença, Joana, tá aqui, tudo prontinho.

- Senhor, aparentemente você esqueceu de registrar os números relativos à sua carteira de trabalho.

-Ah, sabe como é, comecei a roubar desde cedo então nunca nem me preocupei a ter uma carteira de trabalho, por isso deixei em branco.

- Senhor, aguarde só um instante, tudo bem?

- Claro! - ele estava realmente animado.

Alguns minutos depois um policial entra pela porta e se dirige até o caixa. Nosso colega ladrão fica preocupado, mas pelo menos sua arma estava guardada na sua calça. O policial se dirige tranquilamente até Joana, nossa colega caixa e pergunta:

- Foi aqui que teve um problema de assalto?

- Sim, infelizmente aquele senhor tentou cometer um ato ilícito. - apontou para o ladrão que agora puto sacou sua arma, o que mais uma vez pareceu não afetar ninguém.

- Você me enganou! Você falou que eu sairia daqui com 5000 reais e sem mais problemas!

- E sairia tranquilamente se não tivesse tentado cometer um delito, meu jovem - era o policial quem falava agora, sua voz era firme e de fato ele não parecia dar nenhuma atenção à arma.

- Como assim - delito? O assalto não era um delito?

- Senhor, você está familiar com a nova lei de furtos e assaltos aqui do estado?

- Lei do assalto? Lei do assalto é que foi pego se fudeu, né não?

- Senhor, a nova lei do assalto visa melhor atender a grande parcela de nossa população que se arrisca todos os dias assaltando para poder sobreviver ou enriquecer inescrupulosamente. A lei prediz que todo e qualquer assalto pode ser feito por um assaltante profissional registrado junto do sindicato de sua região. É importante também sempre lembrar de apresentar o recibo na hora de assaltar alguém, para que essa pessoa possa declarar no seu imposto de renda e o senhor também tenha os benefícios de ser um contribuinte.

- Tá maluco? Imposto de renda? Que porra é essa que tá acontecendo? Eu vou embora.

- Senhor, algum assalto, roubo ou furto foi cometido pelo senhor nos últimos tempos? - falou o policial impedindo a saída do nosso colega.

- O que o senhor está insinuando, hein??

- Ele me disse que assalta desde sempre e por isso não tem carteira assinada. - falou Joana com voz temerosa, nervosa, quase histérica.

- Senhor, receio que vá ter que prender o senhor. Você estava praticando ilegalmente a profissão de assaltante, além de suspeitar que o senhor está sonegando imposto de renda - esses crimes são graves, você pode ter certeza que vai passar muito tempo na cadeia.

Nosso colega estava oficialmente perdido, mas ainda tentava argumentar com o policial, que no final das contas parecia ser gente boa.

- Mas olha só, eu não estava familiarizado com essas coisas, sabe seu guarda? Se eu soubesse eu juro que teria feito diferente, você tem que acreditar. É que sabe, a gente não pensa que vai precisar de tanto, né? Daqui a pouco vou até ter que fazer faculdade pra essas coisas! - disse nosso colega rindo, tentando quebrar o clima.

- Você nunca teve a chance de fazer uma faculdade?

- Não, claro que não, se não eu poderia fazer até outra coisa! - nosso colega estava confiante.

- Seu espertinho! Você estava quase fazendo com que eu cedesse, mas agora eu percebo com quem eu estou lidando - fazendo tudo que fez e não tem UM DIPLOMA DE GRADUAÇÃO? O senhor deveria estar envergonhado de tentar me enganar desse jeito, todo mundo sabe hoje em dia que em 2 anos você pega um técnico de assalto e pode entrar no mercado negro de trabalho. Seu pilantra de merda - disse o policial abaixando nosso colega pela cabeça e enfiando na parte de trás do camburão - você tem o direito de permanecer....


Sem título

Tomo,
das tuas mão
o quadro que eu pintei.

Rogo
o teu perdão
Das feridas que causei.

Peço que me escute,
ouça,
quero que me leve, logo ali
no meu lugar.

Sim, eu sei, não
pode
me levar.
Verei, então
até onde vou,
sangrar
.
Se o sangue
escorre, eu
escorro junto?

Se eu não desisto,
eu existo ou
minto?

As vezes minto.
As vezes sinto.
As vezes.

Wind of Change

Onde estavam as palavras que fugiram daqui por um ano? 

Um amigo veio me perguntar se eu havia abandonado o blog, pois não havia postado desde o ano passado. O que mais me surpreendeu foi que havia um ano que eu havia postado algo e eu ainda me lembrava como se fosse ontem, do último poema que postei aqui. Lembro do dia, lembro da inspiração, lembro de detalhes que surgiram no momento e foram se unindo ao celular de penúltima geração. 

Gostei muito de escrever aquele poema. Fico me perguntando qual vai ser o próximo. Quer dizer, escrevi um ou outro, nesses últimos tempos, mas nada que eu achasse legal pra valer. Vira e mexe eu sinto uma urgência de escrever, mas desde que este blog começou, parece que cada vez mais o que eu ia escrevendo ia se tornando mais íntimo e precisava se voltar para dentro. 

Comecei uma espécie de diário, que não escrevo todo dia, mas que serve pra guardar algumas reflexões pessoais. 

O que me deixa pensando que talvez esse blog poderia dar uma guinada par ao lado mais criativo das coisas e menos intelectual/reflexivo. Por que não escrever algumas bobagens? Pequenos contos, poesias, poemas, blá blá blemas. Tenho talvez uma idéia de uma história mais a longo prazo postada em partes aqui. Vamos ver o que acontece =)

Só espero que aconteça. 
André.