O céu amanhece cinza, um cinza medonho de um calor incalculável. A cidade vazia, era deserto. Um passo após o outro chegava a lugar algum, não tinha destino, o horizonte incerto.
Me disseram que estava pegando fogo, mas tudo era chama, não dei atenção. A medida em que o tempo escorria pelas minhas têmporas, percebi que ele evaporava. Sua partícula erguia-se ao céu e buscava a misericórdia de deus. Ele virou as costas para nós.
Só então vi que a chama se tornava fogo e meu corpo tencionava juntar-se ao vapor do tempo. Suplicava a deus, o deus do silêncio, almejava sua misericórdia - ao menos o céu deveria estar frio. Mas não subi como precisava, me liquefiz e ardi no chão tão quente quanto os óleos de feira.
Refleti os pássaros voando e as nuvens. De alguma forma os céus também estava em mim. Não tardei a secar e dali tudo se foi comigo. Só restou no chão a mancha de meu antigo corpo-lágrima e as pessoas seguiram seus caminhos, passando por cima de minha memória.
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