para A.
Onde outrora houvera a Carne
permanece a candura.
Arrancados os nacos,
o sangue aflora e risca
seco
a linha do outono
Do silêncio,
escuta-se a maré de seus olhos
contra as pálpebras fechadas
num doce sorriso oblíquo
nas doze dobras da tua pele sombra
palpitar das asas
dos pássaros de barriga amarela
O vento estica meus dedos.
é inevitável.
mergulho em tua pele,
salto em tua boca
dentes brancos-ponta-gelo
meu olhar desnuda
minha mão firme agarra teu corpo
as cortinas esvoaçam
e deixam o sol
penetrar a fundo na retina
queimando os pecados
evaporando as lágrimas
diante do Supremo
o fôlego arde no peito,
urra louco na saída
enquanto quebra as paredes
como folhas secas
sob nossos pés
descalços, contorcidos.
só então o sopro leva a Carne.
mas o tempo finca.
A candura
fica.