quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Celular de penúltima geração


Vejo a brasa vermelha
de meu cigarro e penso
"Oh, isso poderia ser
a lanterna traseira de um
carro"

Pego meu velho
caderno com a capa 
arrasada
puída
"ele poderia ser novo", eu penso

Com minhas mãos
trêmulas pego
meu celular de 
penúltima geração
com acesso à internet que
me deixa 
conectado com o 
mundo

Mas me deixa só (,)
pensando que
não tenho conexão
não de verdade
com o mundo

E que sonhos nunca são realidade
mas que a realidade foi 
um sonho
e será de novo
assim que outro sonho
deixe de ser

e a realidade se
entorne
em sonhos de como
foi o passado

E a gravidade do 
futuro
enterre os sonhos
no chão, para que eu tenha
aonde pisar

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Violência


Cheiro.
Flor.
Vou andando
descalço
pelo jardim de rosas da minha
mente.
Vou cheirando as rosas e sinto cheiro de
margaridas,
violeta,
violentas violetas.

Cor.
Flor.
Pé, passo, sol forte no meu
rosto.
Sou forçado a olhar pro chão macio e
aveludado
de violetas,
violentas violetas.

Violão.
Som.
Numa sombrinha de uma árvore eu me recosto e recordo daquele
tempo
que não gosta muito de passar.
Tempo que me ataca e me fere, como
violetas.
Violentas violetas.