Te dei a minha
opinião vazia,
quase neutra
sobre aquele
quase assunto
cheio de
desimportância.
você não gostou
do que eu disse
quis que eu sumisse
e eu sumiu.
Eu morriu,
você viu?
o pau me comeu
por um quase
assunto,
que ninguém leu.
e esse quase
astuto,
me meteu
nesse meio
quase
absoluto.
quase achei que
era verdade,
quando percebi que
já era tarde
e estava na hora de levar minhas
saudades pra um passeio.
Até o tempo precisa de
recreio.
terça-feira, 31 de dezembro de 2013
sexta-feira, 27 de dezembro de 2013
Maldita Bendita
Para .
e nós que ficamos pela metadeacabamos caindo por
inteiro
vá, sangre a (la) vontade
viramos cor
e cheiro.
embaixo dos pés, do limoeiro,
avistamos a grade,
amor.
dessa grade, o atoleiro,
em fraca luminosidade
ar e dor.
não me importo se há dor.
risco, em ti, eu beiro,
é tarde.
sinto o medo em seu sabor
e um traço de ter, ligeiro,
a felicidade.
sábado, 21 de dezembro de 2013
Escolha a dedo
Havia ali então
uma mesa.
Nos separava?
Nossos dedos iam e viam,
brincavam,
corriam,
pude ver o meu sorriso na
ponta do seu indicador.
"I want you, show me the way" e
você me indicava este maldito
sorriso.
Depois olhei para seus outros dedos.
Havia meu cabelo no dedo médio,
meus olhos no anelar
e juro que vi meu coração no seu
mindinho.
Já sabia,
mas ali percebi:
estou em suas mãos.
uma mesa.
Nos separava?
Nossos dedos iam e viam,
brincavam,
corriam,
pude ver o meu sorriso na
ponta do seu indicador.
"I want you, show me the way" e
você me indicava este maldito
sorriso.
Depois olhei para seus outros dedos.
Havia meu cabelo no dedo médio,
meus olhos no anelar
e juro que vi meu coração no seu
mindinho.
Já sabia,
mas ali percebi:
estou em suas mãos.
domingo, 15 de dezembro de 2013
Ordem, eu regresso.
Para B.
"Estou pensando naqueles que não conseguem falar.""O que eles fazem?"
"Eles choram."
Silêncio.
"E o que nós fazemos?"
Antes mesmo de ver a primeira lágrima
rasgar
trucidar
seu rosto,
eu já soube:
o silêncio sempre foi.
E que palavra maluca é essa.
A palavra salgada,
a voz do corpo,
descendo o rosto.
Pingando.
Transbordando.
queimando.
(a)mando.
[de quem?]
Jaz(z)
Qual é a cor do seu pelo?
Qual é a dor que sua pele
sente?
tento por vezes
te enxergar,
te sentir,
te beijar,
mas me deparo sempre com o
vazio.
Vazio.
Vazio.
Meu vadio, meu jazido,
minha cova.
Meu túmulo diz:
"aqui jaz".
E em tumulto, a polvorosa
gente,
indigna
indignada
pergunta:
por quem ele viveu?
por cores?
por vermelhos e amarelos?
por branco. por verde-azul
castanho?
estranho.
Aqui jaz,
jaz o silêncio,
jaz a obscuridade de ninguém que fica.
jaz o ex-espaço que um dia foi ocupado
por coisa alguma.
De onde surgem os sorrisos?
Quem quer ver meus dentes?
Cavalo dado não se olha,
amargo.
amar,
go.
Aqui jaz o jazz.
E se Bb. King morrer? Quem vai cuidar do blues?
E se um dia Bukowski morrer? Quem vai falar das ruas?
E se Napoleão falecer? Quem vai salvar a França?
E se um dia você se for? O que jazerá de mim?
Qual é a dor que sua pele
sente?
tento por vezes
te enxergar,
te sentir,
te beijar,
mas me deparo sempre com o
vazio.
Vazio.
Vazio.
Meu vadio, meu jazido,
minha cova.
Meu túmulo diz:
"aqui jaz".
E em tumulto, a polvorosa
gente,
indigna
indignada
pergunta:
por quem ele viveu?
por cores?
por vermelhos e amarelos?
por branco. por verde-azul
castanho?
estranho.
Aqui jaz,
jaz o silêncio,
jaz a obscuridade de ninguém que fica.
jaz o ex-espaço que um dia foi ocupado
por coisa alguma.
De onde surgem os sorrisos?
Quem quer ver meus dentes?
Cavalo dado não se olha,
amargo.
amar,
go.
Aqui jaz o jazz.
E se Bb. King morrer? Quem vai cuidar do blues?
E se um dia Bukowski morrer? Quem vai falar das ruas?
E se Napoleão falecer? Quem vai salvar a França?
E se um dia você se for? O que jazerá de mim?
quarta-feira, 11 de dezembro de 2013
Minas
Minas.
Minas de ouro.
Minas de carvão.
Minas gerais,
minas legais,
minas letais.
Minas.
Minas de couro,
minas a mais
minas demais
minas, rapaz.
Minas.
Rapaz.
Em minas sim, em mim nasci.
Minas de ouro.
Minas de carvão.
Minas gerais,
minas legais,
minas letais.
Minas.
Minas de couro,
minas a mais
minas demais
minas, rapaz.
Minas.
Rapaz.
Em minas sim, em mim nasci.
Fome
Estou pensando na vida,
pensando em comida.
Não se come com a língua,
se come com a
boca.
Enquanto uma sente,
A outra mastiga,
destrói.
E quando você me
instiga,
me alimente.
pensando em comida.
Não se come com a língua,
se come com a
boca.
Enquanto uma sente,
A outra mastiga,
destrói.
E quando você me
instiga,
me alimente.
quarta-feira, 4 de dezembro de 2013
A folha amou o vento
O problema das cidades é que suas
ruas
têm nome.
Cara, as ruas têm nome!
Como pode ser isso?
Eu que sonho (em) ser um contador de
histórias,
como posso competir com uma rua?
Ela tem nome!
Como vou vencer das ruas se são
elas que me tragam a cada passo?
Até a sola do meu sapato prefere a rua.
Não posso com isso.
Eu, a folha sem cerimônias que se desgarra da
mãe-árvore
assim que se apaixona pelo vento,
inocente que nunca senti nem o gosto do
chão, nem do abandono do meu
amante,
muito menos das pegadas e pisadas indiferentes do
passante,
O que posso dizer? Como combater a história
das ruas,
Minha primeira inimiga e minha última
amante?
No último
[instante?
ruas
têm nome.
Cara, as ruas têm nome!
Como pode ser isso?
Eu que sonho (em) ser um contador de
histórias,
como posso competir com uma rua?
Ela tem nome!
Como vou vencer das ruas se são
elas que me tragam a cada passo?
Até a sola do meu sapato prefere a rua.
Não posso com isso.
Eu, a folha sem cerimônias que se desgarra da
mãe-árvore
assim que se apaixona pelo vento,
inocente que nunca senti nem o gosto do
chão, nem do abandono do meu
amante,
muito menos das pegadas e pisadas indiferentes do
passante,
O que posso dizer? Como combater a história
das ruas,
Minha primeira inimiga e minha última
amante?
No último
[instante?
domingo, 1 de dezembro de 2013
Seus pés.
Olhei para seus pés
enquanto caminhava
e vi que ali
estava o fim do
arco-íris.
Finalmente, estava ali
o famigerado
e tão cobiçado
pote de ouro.
Seus pés.
Tentei alcançar então,
seus pés,
que ali estavam, tão
próximos de minhas
mãos.
Mas seus pés se puseram
a caminhar
e minhas mãos tatearam
o ar, o ar dos ares
que nos separava.
Para não cair, no ápice
do meu louco desequilíbrio,
apoiei minhas mãos no chão e
como um cachorro de quatro patas
segui seus pés.
Minha boca faminta
salivava
em busca dos seus
pés de ouro,
que insistiam em caminhar.
Mas a loucura disso tudo
é que eles não caminhavam
em outra direção que
não na minha.
Sim, seus pés.
Mas por que diabos,
seus pés me seguindo,
continuávamos assim,
sempre,
em desencontro?
Percebi, o descompasso
não estava em seus pés.
nem nas minhas mãos
nem na minha boca.
Estava no ar que enche a atmosfera.
O descompasso está no
espaço.
Então que vá para o espaço
o descompasso.
Pois o meu corpo está à
[seus pés.]
enquanto caminhava
e vi que ali
estava o fim do
arco-íris.
Finalmente, estava ali
o famigerado
e tão cobiçado
pote de ouro.
Seus pés.
Tentei alcançar então,
seus pés,
que ali estavam, tão
próximos de minhas
mãos.
Mas seus pés se puseram
a caminhar
e minhas mãos tatearam
o ar, o ar dos ares
que nos separava.
Para não cair, no ápice
do meu louco desequilíbrio,
apoiei minhas mãos no chão e
como um cachorro de quatro patas
segui seus pés.
Minha boca faminta
salivava
em busca dos seus
pés de ouro,
que insistiam em caminhar.
Mas a loucura disso tudo
é que eles não caminhavam
em outra direção que
não na minha.
Sim, seus pés.
Mas por que diabos,
seus pés me seguindo,
continuávamos assim,
sempre,
em desencontro?
Percebi, o descompasso
não estava em seus pés.
nem nas minhas mãos
nem na minha boca.
Estava no ar que enche a atmosfera.
O descompasso está no
espaço.
Então que vá para o espaço
o descompasso.
Pois o meu corpo está à
[seus pés.]
quinta-feira, 28 de novembro de 2013
Teoria das cores
Quem teme
treme?
Amarela
Amarela
Amar ela
Amarelo
amar o elo que existe
entre
nós-dois
nos dois
nos dedos,
os nós dos dedos
os nós do medo.
Quem treme
teme?
Três
Quatro
Cinco
Seis...
Qual o número da vez?
Zero,
Um, dois ou
Três?
Eis
Eis: certeza!
Eis: dúvida!
Eis intensa
Existência.
Amar ela
Amarela
Ao mar,
ela.
No mais,
ela.
No mas,
ela.
Sim,
ela,
singela
Sem
ela
Com ela.
Cadê ela?
[cadela]
Sim, gela
até a ex-
pinha,
essa vida tão
zinha,
só zinha.
sozinha.
Só sina
De baixo a
cima.
rima,
rima.
Angústia,
menina
treme?
Amarela
Amarela
Amar ela
Amarelo
amar o elo que existe
entre
nós-dois
nos dois
nos dedos,
os nós dos dedos
os nós do medo.
Quem treme
teme?
Três
Quatro
Cinco
Seis...
Qual o número da vez?
Zero,
Um, dois ou
Três?
Eis
Eis: certeza!
Eis: dúvida!
Eis intensa
Existência.
Amar ela
Amarela
Ao mar,
ela.
No mais,
ela.
No mas,
ela.
Sim,
ela,
singela
Sem
ela
Com ela.
Cadê ela?
[cadela]
Sim, gela
até a ex-
pinha,
essa vida tão
zinha,
só zinha.
sozinha.
Só sina
De baixo a
cima.
rima,
rima.
Angústia,
menina
quarta-feira, 27 de novembro de 2013
Deszelo das calotas polares
Quem zela,
com tanto
zelo,
aquilo que nos é mais
importante?
O zelador
zela a dor,
zela dois; zela nós dois
zelador?
E tudo aquilo que é
zelado
uma hora derrete.
Zela,
zelador.
(Con)zela,
(con)zelador.
Com ela,
com ela é dor.
com tanto
zelo,
aquilo que nos é mais
importante?
O zelador
zela a dor,
zela dois; zela nós dois
zelador?
E tudo aquilo que é
zelado
uma hora derrete.
Zela,
zelador.
(Con)zela,
(con)zelador.
Com ela,
com ela é dor.
terça-feira, 26 de novembro de 2013
Confissão em Em
Eu não sou um poeta.
Esta não é uma poesia.
É tudo fachada e
Eu sou uma grande mentira.
E essa é a minha pequena verdade.
Essa é minha triste alegria.
Esta não é uma poesia.
É tudo fachada e
Eu sou uma grande mentira.
E essa é a minha pequena verdade.
Essa é minha triste alegria.
domingo, 24 de novembro de 2013
Literário
Ela me disse, mesmo que não fosse
para mim
que ela estava dizendo:
"Você precisa começar a
correr
pra sair do
Literário."
Eu literalmente não soube o que
responder.
Então não respondi.
Corri para o Literário e perguntei:
"O que eu posso fazer
para fugir
de você?"
Então, como não obtive resposta:
literei.
para mim
que ela estava dizendo:
"Você precisa começar a
correr
pra sair do
Literário."
Eu literalmente não soube o que
responder.
Então não respondi.
Corri para o Literário e perguntei:
"O que eu posso fazer
para fugir
de você?"
Então, como não obtive resposta:
literei.
sexta-feira, 22 de novembro de 2013
Ligação.
Fizeram uma espécie de varal com um barbante. No lugar das roupas haviam folhas de papel com mensagens variadas. Algumas se podia ler do banco que ficava a uns 7 metros de distância. Para outras seria preciso se aproximar. As folhas balançavam suavemente em resposta ao carinho que a brisa lhes fazia.
Sentado, ali, a brisa levava o cheiro da cidade e do vazio da universidade até mim. Seu leve roçar tranquilizava minha pele e refrescava os meus sentidos. Era um dia bonito, leve. Acendi um cigarro e ascendi a um ponto onde pouca coisa realmente importa.
Observei um homem se aproximar das folhas esvoaçantes para ler suas mensagens. Soube, pelo seu olhar, que ele não queria ler as palavras que ali estavam. Lia por que ele devia. Devia encontrar algo concreto no vazio abstrato da sua espera.
Com muita certeza afirmo: ele esperava por algo. Com a mesma certeza, duvido. Quem era eu para dizer algo? O homem era um desconhecido. Mas será que não vi seus olhos brilharem por um segundo fugaz, refletindo minha própria inquietude?
A verdade é que eu, ali, esperava. Esperava por algo ou alguém que me tirasse do silêncio.
O mais engraçado é que naquele momento eu recebi uma ligação. Então eu falei. Mas ainda assim, ali, permaneceu
o
silêncio.
domingo, 17 de novembro de 2013
O corpo
A sacola de plástico me diz assim:
"Hey, I'm green!"
Mas o corpo nunca mente.
Seu corpo era transparente.
"Hey, I'm green!"
Mas o corpo nunca mente.
Seu corpo era transparente.
sexta-feira, 15 de novembro de 2013
Und land nur die lacherlich eisamkeit
Quando eu era uma criança,
eu tinha medo do seu toque.
Achei que talvez fosse o único toque que eu
teria, ao longo da minha vida.
Esse foi nosso primeiro encontro.
O tempo passou junto com os
passos que eu pude dar.
Um dia senti outro toque que não o seu,
um toque que eu queria ao longo da minha vida.
Mas esse não foi nosso desencontro.
Depois desse, outros toques vieram.
Outros sentidos vieram,
mas você sempre arranjou um jeito de se fazer
presente, ao longo da minha vida.
Talvez precisássemos de um encontro.
O pior é que nem sabia seu nome,
nunca quis sabê-lo.
Mas foi um dia de frente a um espelho velho que
pude saber quem restaria ao longo da minha vida.
E encontrei-a ridícula, Solidão.
Por que jazias ali, no fundo dos meus olhos?
Então o seu toque é o meu próprio abraço?
Ninguém me separou de você até hoje e sei que não se
importa que eu tenha outras mulheres ao longo da minha vida,
Solidão. Posso ter te encontrado ridícula,
mas não a encontrei
em vão.
quinta-feira, 14 de novembro de 2013
É preciso não sentir medo
É preciso não sentir medo.
É preciso, não? Sentir medo
é preciso. Não sentir. Medo.
É preciso não sentir? Medo
é preciso. Não? Sentir? Medo.
Preciso precisar-me:
Me preciso ao sentir medo.
É preciso, não? Sentir medo
é preciso. Não sentir. Medo.
É preciso não sentir? Medo
é preciso. Não? Sentir? Medo.
Preciso precisar-me:
Me preciso ao sentir medo.
quarta-feira, 13 de novembro de 2013
Estive em duas cidades
Os meus pés caminharam.
As minhas pernas andaram.
O meu peito ecoou.
Os meus braços balançaram.
Os meus cabelos esvoaçaram.
Os meus olhos olharam.
A minha alma sonhou.
Os meus dedos tocaram.
Os meus medos viajaram.
Os meus pesos voaram.
O meu corpo ficou.
Os meus pelos eriçaram.
Os tempos pararam.
Os ares mudaram.
Agora, onde estou?
Estive em duas cidades e dois corpos se amaram.
Os corpos se amarram.
Os corações dançaram.
Algo restou.
Estive em duas cidades e os desejos, ali, despertaram.
As minhas pernas andaram.
O meu peito ecoou.
Os meus braços balançaram.
Os meus cabelos esvoaçaram.
Os meus olhos olharam.
A minha alma sonhou.
Os meus dedos tocaram.
Os meus medos viajaram.
Os meus pesos voaram.
O meu corpo ficou.
Os meus pelos eriçaram.
Os tempos pararam.
Os ares mudaram.
Agora, onde estou?
Estive em duas cidades e dois corpos se amaram.
Os corpos se amarram.
Os corações dançaram.
Algo restou.
Estive em duas cidades e os desejos, ali, despertaram.
domingo, 10 de novembro de 2013
A estátua
E ali estava, antes mesmo
de estar.
Bem ali está, onde não
deveria estar.
E assim, estando, está.
Está estátua,
esta estátua
não se move.
Mas sempre esteve e,
assim, estará.
Está em
estafa.
Resta a metáfora.
Este é o estatuto.
Aí está tudo(?).
de estar.
Bem ali está, onde não
deveria estar.
E assim, estando, está.
Está estátua,
esta estátua
não se move.
Mas sempre esteve e,
assim, estará.
Está em
estafa.
Resta a metáfora.
Este é o estatuto.
Aí está tudo(?).
sábado, 9 de novembro de 2013
Macarrão
Peguei minha comida com as
mãos.
Mas fiquei em
dúvida.
Eu sujei com minhas mãos a minha comida?
Ou foi a comida que sujou os meus dedos?
Talvez ninguém tenha sujado ninguém.
Talvez nós tenhamos sido feitos para estar assim
juntos,
misturados,
lambusados um do outro.
mãos.
Mas fiquei em
dúvida.
Eu sujei com minhas mãos a minha comida?
Ou foi a comida que sujou os meus dedos?
Talvez ninguém tenha sujado ninguém.
Talvez nós tenhamos sido feitos para estar assim
juntos,
misturados,
lambusados um do outro.
quarta-feira, 6 de novembro de 2013
Quá
Minto.
Mato.
Morto.
Porto.
Tropo.
Pronto.
Pronto, proto.
Minto, morto.
Sinto, sorto.
Cinto, soco.
Bato, corro.
Socorro.
Minto, bato, sinto, morto.
Pinto.
Pato.
Pinto, porco.
Pinto, pato, pinto, porco.
Pinto, pato, minto, porco.
Pinto, pato, pato, pinto, pinto, porco, pinto, morro.
Pinto, pato, pato um pinto, mato o porco.
Pato, pinto, porco, mato, pinto, porco.
Pinto, pato, pato, pinto, pinto, pato, pato, pinto.
Pinto um pato!
E o pato me diz quem sou.
Quá.
Mato.
Morto.
Porto.
Tropo.
Pronto.
Pronto, proto.
Minto, morto.
Sinto, sorto.
Cinto, soco.
Bato, corro.
Socorro.
Minto, bato, sinto, morto.
Pinto.
Pato.
Pinto, porco.
Pinto, pato, pinto, porco.
Pinto, pato, minto, porco.
Pinto, pato, pato, pinto, pinto, porco, pinto, morro.
Pinto, pato, pato um pinto, mato o porco.
Pato, pinto, porco, mato, pinto, porco.
Pinto, pato, pato, pinto, pinto, pato, pato, pinto.
Pinto um pato!
E o pato me diz quem sou.
Quá.
terça-feira, 5 de novembro de 2013
A bola e a luneta
Noite. Escuro. Meus pés caminharam até um breve barranco, meu corpo resolveu acompanhar-los. Era uma grama mal cuidada, um pouco bagunçada, assim como meus cabelos. Era um campo de futebol em 45 graus, que se estendia até o céu, ou pelo menos tentava. Ali estava uma criança, apenas de bermuda, enquanto eu estava de calça, sapato, blusa e casaco. A criança era marrom de sujeira, pobre, humilde e eu simplesmente soube que ali nas suas pernas e braços magros de fome caminhavam as riquezas do mundo.
Ele tinha uma bola, azul desbotado, de plástico. Me aproximei, queria jogar com ele, queria ser importante para ele, queria ser um herói, o bom samaritano. Ele deixou com que eu me aproximasse, eu estava na parte de cima do barranco, apesar de ter partido de baixo. Tentei pegar a bola com meus pés, meus sapatos estavam brevemente molhados por alguma espécie de orvalho que existiu naquela grama, naquela noite. Quando meus pés tocaram a bola, as leis da gravidade surtiram efeito nela, ela começou a descer o barranco. Tentei segurá-la, estava sentado no chão, minhas mãos tocavam a grama. Havia chovido.
No desespero de tentar recuperar a bola, eu e o menino nos chocamos. Ele me deu seu rosto, eu lhe dei meu pé direito. Foi com uma espécie de força carinhosa que nosso choque físico ocorreu. Me senti mal, fui falar com ele e sabia -ele falava espanhol e eu não. Perguntei como que em um balbuceio: duele? Ele me levantou seu rosto, marcado por lágrimas e com catarro escorrendo de seu nariz. Catarro no lugar de sangue, água e resíduos no lugar da dor. Me deparei com o rosto do pequeno garoto, devia ter seus 10 anos, mas seu olhar o traía - aqueles olhos haviam presenciado a criação. Seu olhar de infância se misturava com o de um ancião e me diziam que não havia mal algum ali.
A bola correu sozinha em nossa direção, estava tudo certo agora. Peguei com o meu pé, ainda estava no chão, virei meu corpo e fiz um gol. Ri, tinha feito uma travessura. Uma menino não riu, mas ele estava feliz com meu gol, podia sentir. A bola resolveu que queria fugir, fugir pela noite e pelas calçadas amarelas quadriculadas de tijolinhos da noite. Fui buscá-la, estava curioso com seu destino. O menino me seguiu. Ele estava ali para me buscar, caso a bola me enganasse e eu me perdesse. Fomos longe, mas alcançamos a bola, sim, capturamos ela. Eu pensei com meus botões, vou arremassar a bola e ele verá o quão longe eu posso arremessar essa bola. Queria vê-lo correr, queria vê-lo sorrir, queria vê-lo feliz. Aquilo era a vida e nada mais poderia ser.
Eu o disse, corra de volta para o campo, vou jogar a bola. Eu sabia que apesar da distância eu jogaria a bola até o meio do campo inclinado, no exato centro do barranco. O menino me olhou com astúcia e resolveu que o que deveria fazer era uma travessura, a sua travessura. Subiu uma árvore, uma árvore alta que subia mais alto que a maior torre do castelo. Ali no alto, ele encontrou uma luneta, bela, de prata com detalhes em madeira. Entendi, ele queria me ver jogar a bola e vê-la rasgando o céu, como uma estrela cadente. Ele queria o seu desejo que lhe era de direito.
E, apesar da altura da árvore e dos meus pés nos chão, ele me olhou, com um sorriso taciturno e impregnado de ousadia. E naquele momento, nos olhamos no mesmo nível, como iguais, balanceados, equivalentes. Éramos cúmplices do mesmo destino, eramos os palhaços do mesmo sorriso - éramos os donos, eu do destino da bola e ele do destino da luneta.
Arremessei a bola e tudo que restou foi a escuridão eterna dos sonhos.
segunda-feira, 4 de novembro de 2013
Ainda?
Eu sou um pedaço de
chocolate
mordido e chupado por
uma criança sem dentes.
Abandonado no chão, com
pelos, cabelos,
poeira e
algumas formigas mortas.
Eu sou uma unha preta e
podre
que cai do pé de um
homem com
furúnculos e pus escorrendo
entre os
dedos.
chocolate
mordido e chupado por
uma criança sem dentes.
Abandonado no chão, com
pelos, cabelos,
poeira e
algumas formigas mortas.
Eu sou uma unha preta e
podre
que cai do pé de um
homem com
furúnculos e pus escorrendo
entre os
dedos.
[você ainda me ama?]
[você ainda me quer?]
A-lô, ... me escutando?
Te escuto durante o silêncio da noite. Te escuto nas batidas, no pulsar do meu peito. Te escuto nos carros e no barulho das folhas das árvores. Te escuto nos sonhos e no gorjeio dos pássaros. Te escuto no caminhar das aranhas. Te escuto no chocalho de uma cobra. Te escuto no barulho de pratos quebrados e no som de abraços vorazes. Te escuto de dia, te escuto a tarde, te escuto hoje. Te escuto depois. Te escuto antes. Te escuto sorrindo, te escuto dormindo. Te escuto no barulho de talheres no prato. Te escuto no murmurinho do restaurante, no ressoar de uma multidão. Te escuto no zumbido das moscas e no latido dos cães. Te escuto no pulo do gato. Te escuto num trago. Te escuto no rabiscar de um lápis. Te escuto no digitar de um poema.
Te escuto antes, durante e depois.
E ... te am... a...o...a...
Te escuto antes, durante e depois.
E ... te am... a...o...a...
sábado, 2 de novembro de 2013
Danza
Je ne fait pas de sport,
Je joue le jeux des mots.
Je parle, j'écoute, j'écris.
C'est tout.
Y incluso cambiando de
idioma
No me puedo cambiar a
mí mismo.
Yo soy eso y yo hablo.
Afterall, words are only
words
and nothing less.
So, why bother?
Se falo, movo minha
língua,
independente do que digo.
Minha língua dança
nas línguas.
A minha dança com
a sua.
Y así danzamos él todo.
Je joue le jeux des mots.
Je parle, j'écoute, j'écris.
C'est tout.
Y incluso cambiando de
idioma
No me puedo cambiar a
mí mismo.
Yo soy eso y yo hablo.
Afterall, words are only
words
and nothing less.
So, why bother?
Se falo, movo minha
língua,
independente do que digo.
Minha língua dança
nas línguas.
A minha dança com
a sua.
Y así danzamos él todo.
quarta-feira, 30 de outubro de 2013
Sobre o amor
Dizem que o Francês
é a língua do
amor. (L'amour)
Mas não pode ser
verdade,
pois não amo em francês.
Quelle chose!
Tentei descobrir
a língua do
amor.
Mas não amo em
portugês (amor),
nem em
espanhol (amor),
nem em
turco (aşk),
nem em
italiano (amare),
nem em
esperanto (amas).
Descobri então que
a única língua possível
pro amor
é a língua do
corpo ( ).
Essa sim é universal.
é a língua do
amor. (L'amour)
Mas não pode ser
verdade,
pois não amo em francês.
Quelle chose!
Tentei descobrir
a língua do
amor.
Mas não amo em
portugês (amor),
nem em
espanhol (amor),
nem em
turco (aşk),
nem em
italiano (amare),
nem em
esperanto (amas).
Descobri então que
a única língua possível
pro amor
é a língua do
corpo ( ).
Essa sim é universal.
terça-feira, 29 de outubro de 2013
Minha Loucura
A minha loucura é
crer no possível
como uma criança
crê no impossível,
com uma fé tácita,
com a esperança de que
a fantasia se torne
realidade.
A minha loucura é
ter sido feito ao
contrário,
quando o ar frio da noite
esquenta meu pulmão.
A minha loucura é
crer que um dia seus
olhos
irão ver o ar que eu respiro
e não o brilho de luz de
um telefone pós-
moderno
intergalático do
hiperespaço.
Minha loucura é
ter certeza de que
se eu fechar bem meus
olhos,
irei estar
magicamente
do seu lado.
Minha loucura é
te amar, como
um homem sedento
ama a água gelada,
com voracidade
e idolatria.
Minha loucura é
querer rolar na
grama
ao seu lado,
beijar seu rosto
num dia cinzento,
beijar sua boca
numa noite fria
e sentir que só assim
poderia me esquentar.
Minha loucura é
toda a sanidade que
falta
no mundo.
Minha loucura é
a pré-psicose
do amor.
Minha loucura é
a beleza da vida.
Minha loucura é
amar uma mulher.
Amar você.
Apenas peço que,
se me taxarem de louco,
não me curem,
pois
Minha loucura é
minha alegria,
minha loucura é
tudo que eu quero,
minha loucura é
tudo que eu posso,
minha loucura é
toda minha fé.
Minha loucura é
de delírios apaixonados,
minha loucura diz:
dê lírios, apaixonado.
A minha loucura é
crer no possível
como uma criança
crê no impossível,
com um sorriso,
com o corpo,
com a alma.
Minha loucura é
toda a sanidade que
falta
no mundo.
crer no possível
como uma criança
crê no impossível,
com uma fé tácita,
com a esperança de que
a fantasia se torne
realidade.
A minha loucura é
ter sido feito ao
contrário,
quando o ar frio da noite
esquenta meu pulmão.
A minha loucura é
crer que um dia seus
olhos
irão ver o ar que eu respiro
e não o brilho de luz de
um telefone pós-
moderno
intergalático do
hiperespaço.
Minha loucura é
ter certeza de que
se eu fechar bem meus
olhos,
irei estar
magicamente
do seu lado.
Minha loucura é
te amar, como
um homem sedento
ama a água gelada,
com voracidade
e idolatria.
Minha loucura é
querer rolar na
grama
ao seu lado,
beijar seu rosto
num dia cinzento,
beijar sua boca
numa noite fria
e sentir que só assim
poderia me esquentar.
Minha loucura é
toda a sanidade que
falta
no mundo.
Minha loucura é
a pré-psicose
do amor.
Minha loucura é
a beleza da vida.
Minha loucura é
amar uma mulher.
Amar você.
Apenas peço que,
se me taxarem de louco,
não me curem,
pois
Minha loucura é
minha alegria,
minha loucura é
tudo que eu quero,
minha loucura é
tudo que eu posso,
minha loucura é
toda minha fé.
Minha loucura é
de delírios apaixonados,
minha loucura diz:
dê lírios, apaixonado.
A minha loucura é
crer no possível
como uma criança
crê no impossível,
com um sorriso,
com o corpo,
com a alma.
Minha loucura é
toda a sanidade que
falta
no mundo.
segunda-feira, 28 de outubro de 2013
Barriga cheia.
Barulhos difusos e
ecos
e cores escandalosas
e todos meus sentidos se
acossam.
Poderiam me dizer,
é uma cilada.
Mas e se acabar sendo tudo
uma salada?
Palavras, palavras.
Vocês me fazem dar voltas em torno de
mim.
Será que eu posso devorá-las?
Se eu engolir palavras demais,
eu fico gordo?
Se eu engolir palavras demais,
eu fico mudo?
Se eu engolir palavras de mais,
minha barriga fica cheia de vazio?
Uma hora vomita-se.
ecos
e cores escandalosas
e todos meus sentidos se
acossam.
Poderiam me dizer,
é uma cilada.
Mas e se acabar sendo tudo
uma salada?
Palavras, palavras.
Vocês me fazem dar voltas em torno de
mim.
Será que eu posso devorá-las?
Se eu engolir palavras demais,
eu fico gordo?
Se eu engolir palavras demais,
eu fico mudo?
Se eu engolir palavras de mais,
minha barriga fica cheia de vazio?
Uma hora vomita-se.
domingo, 27 de outubro de 2013
Seu rosto, tu rostro.
Se eu sinto Si yo siento
a paz la paz
e o amor y el amor
só por ter seu rosto na minha solo por tener tu rostro en mi
memória, memoria,
Como seria se tivesse ¿Como seria si yo tuviera
seu corpo ao meu lado? tu cuerpo a mi lado?
Hoje estou só. Hoy estoy solo.
Só com você Solo contigo
(e)s(t)ou. (e)s(t)oy.
sexta-feira, 25 de outubro de 2013
Tempo
Estava sentado no banco da praça
quando vi ao longe
ele
passando.
Fiquei surpreso, havia muito que não me dava conta
que ele sempre passava
ali.
Ele me acenou, deu um sorriso,
perguntou da minha família,
de mim.
Tudo bem, eu disse. E
como...
Antes de terminar a pergunta,
ele já havia passado.
Fiquei me perguntando
quantas vezes isso já não havia
acontecido?
Quantas vezes o tempo se aproximou e
passou
sem me dar notícias?
Fico preocupado com
a sua mãe,
quero saber como anda o negócio do seu pai
e me preocupo se seus filhos
estão de recuperação no colégio.
Mas ele está sempre passando,
rápido demais,
para me responder perguntas.
Enquanto isso,
eu passo.
quando vi ao longe
ele
passando.
Fiquei surpreso, havia muito que não me dava conta
que ele sempre passava
ali.
Ele me acenou, deu um sorriso,
perguntou da minha família,
de mim.
Tudo bem, eu disse. E
como...
Antes de terminar a pergunta,
ele já havia passado.
Fiquei me perguntando
quantas vezes isso já não havia
acontecido?
Quantas vezes o tempo se aproximou e
passou
sem me dar notícias?
Fico preocupado com
a sua mãe,
quero saber como anda o negócio do seu pai
e me preocupo se seus filhos
estão de recuperação no colégio.
Mas ele está sempre passando,
rápido demais,
para me responder perguntas.
Enquanto isso,
eu passo.
Estou de portas abertas
Eu queria te mandar fotos.
Todas as fotos
de todos os dias
de todas as vezes
em que fui alguém.
O que mais poderia compartilhar
contigo?
É tudo que tenho.
Minhas fotos e
minhas palavras,
que nem minhas mais são, já que dei-as todas
para você.
Um dia me levantarei e direi:
"foi isso que eu vivi"
porém agora eu não posso dizer isso
ainda tenho tanto o que viver,
não consigo me encerrar agora.
Você me diria
Todas as fotos
de todos os dias
de todas as vezes
em que fui alguém.
O que mais poderia compartilhar
contigo?
É tudo que tenho.
Minhas fotos e
minhas palavras,
que nem minhas mais são, já que dei-as todas
para você.
Um dia me levantarei e direi:
"foi isso que eu vivi"
porém agora eu não posso dizer isso
ainda tenho tanto o que viver,
não consigo me encerrar agora.
Você me diria
para continuar aberto.
E se continuar?
E se me abrir?
Só posso te pedir que
Entre.
Por favor, entre.
quarta-feira, 23 de outubro de 2013
Passo a passo
A cada passo,
um espaço novo.
A cada espaço,
um ex-passo se vai.
Nunca andei em milhas,
por que aprendi que a distância se ganha em
quilômetros.
E quilômetro a
quilômetro,
troquei um passo por
outro.
Passo
a
passo
a
passo
a
passo.
Passei.
Andei.
Vivi.
E um outro dia
te quis.
O tempo resolveu não passar.
um espaço novo.
A cada espaço,
um ex-passo se vai.
Nunca andei em milhas,
por que aprendi que a distância se ganha em
quilômetros.
E quilômetro a
quilômetro,
troquei um passo por
outro.
Passo
a
passo
a
passo
a
passo.
Passei.
Andei.
Vivi.
E um outro dia
te quis.
O tempo resolveu não passar.
36
Depois de 36 horas sem dormir,
encontro forças.
Depois de 36 dias sem dormir,
encontro forcas.
Mas vivo ou morto,
procuro você.
encontro forças.
Depois de 36 dias sem dormir,
encontro forcas.
Mas vivo ou morto,
procuro você.
quarta-feira, 16 de outubro de 2013
Your ego is writing checks your body can't pay.
Nos pedem, quase todos os dias
uma rima.
Como podemos devolver esse pedido
se estamos perdidos?
Se mal sei as palavras que devo dizer,
como vou adivinhar as suas?
E o pior.
Seguimos tentando.
Somos aliados
alienados.
Eu te prometo coisas que
nunca
vou conseguir te dar.
e por isso você me
ama.
uma rima.
Como podemos devolver esse pedido
se estamos perdidos?
Se mal sei as palavras que devo dizer,
como vou adivinhar as suas?
E o pior.
Seguimos tentando.
Somos aliados
alienados.
Eu te prometo coisas que
nunca
vou conseguir te dar.
e por isso você me
ama.
Drunkship of Lanterns
Os sons e ritmos são frenéticos
As frases misturando inglês e espanhol
e barulhos futurísticos.
Futurísticos como nós
achamos
que pode ser o futuro.
Mas assim como os filmes do tipo
2001: uma odisseia no espaço
estamos sempre,
sempre,
sempre
geralmente
errados.
Enquanto isso nós vamos passando
o tempo,
o quanto dá,
até chegarmos no futuro indispensável
da morte.
As frases misturando inglês e espanhol
e barulhos futurísticos.
Futurísticos como nós
achamos
que pode ser o futuro.
Mas assim como os filmes do tipo
2001: uma odisseia no espaço
estamos sempre,
sempre,
sempre
geralmente
errados.
Enquanto isso nós vamos passando
o tempo,
o quanto dá,
até chegarmos no futuro indispensável
da morte.
segunda-feira, 14 de outubro de 2013
Sucrilhos.
Como me sinto cansado.
Cansado de ti e de
suas palavras.
Estou cansado
cansado das suas idéias
cansado da sua Alteridade
tão
incomoda.
A melancolia me
volta para o meu
mundo.
Minhas palavras parecem
curtas...
mas são inteiras o quanto
podem.
E o engraçado é que poderia falar
sobre você, sucrilho.
Mas acabo falando de mim.
E somos tão diferentes assim, sucrilho?
Por que você seria melhor do que eu?
Também não posso ser açucarado?
Você está certo,
não.
Não posso ser nada do que você é, sucrilho,
pois estou preso a quem eu serei no meu atual passado.
Mas ainda saio por cima,
já que estou te comendo.
então foda-se.
Cansado de ti e de
suas palavras.
Estou cansado
cansado das suas idéias
cansado da sua Alteridade
tão
incomoda.
A melancolia me
volta para o meu
mundo.
Minhas palavras parecem
curtas...
mas são inteiras o quanto
podem.
E o engraçado é que poderia falar
sobre você, sucrilho.
Mas acabo falando de mim.
E somos tão diferentes assim, sucrilho?
Por que você seria melhor do que eu?
Também não posso ser açucarado?
Você está certo,
não.
Não posso ser nada do que você é, sucrilho,
pois estou preso a quem eu serei no meu atual passado.
Mas ainda saio por cima,
já que estou te comendo.
então foda-se.
Murphy
Ela me perguntou se eu
acreditava
em Murphy.
Bom, não tinha muito o que fazer
então disse:
sim.
Mas muito?
ela me perguntou, surpresa.
Por que não?
foi o que eu disse.
E como fica sua vida desse jeito?
(Que espécie de pergunta era aquela?)
A vida fica do jeito que fica, ora bolas.
Murphy me ensinou que pode até
existir final feliz,
mas entrar na banheira pode ser
frustrante.
Assim como pode existir
um bom poema.
Mas aposto que você se frustrou
aqui.
acreditava
em Murphy.
Bom, não tinha muito o que fazer
então disse:
sim.
Mas muito?
ela me perguntou, surpresa.
Por que não?
foi o que eu disse.
E como fica sua vida desse jeito?
(Que espécie de pergunta era aquela?)
A vida fica do jeito que fica, ora bolas.
Murphy me ensinou que pode até
existir final feliz,
mas entrar na banheira pode ser
frustrante.
Assim como pode existir
um bom poema.
Mas aposto que você se frustrou
aqui.
domingo, 13 de outubro de 2013
Cien Pesos
Se dois pesos, duas medidas
então cien pesos, cem medidas?
Cem pesos, sem medidas?
Sem pesos, cem mentiras?
Siempre sós, cien presos?
Vejo minha nota de cien pesos e penso:
Poderia estar deitado.
Mas cá estou eu en el oscuro.
E nada me faz sentido.
Nada me faz sentir dor.
Cien pesos. Cien mordidas.
Sem pesos, sem vida.
então cien pesos, cem medidas?
Cem pesos, sem medidas?
Sem pesos, cem mentiras?
Siempre sós, cien presos?
Vejo minha nota de cien pesos e penso:
Poderia estar deitado.
Mas cá estou eu en el oscuro.
E nada me faz sentido.
Nada me faz sentir dor.
Cien pesos. Cien mordidas.
Sem pesos, sem vida.
sexta-feira, 11 de outubro de 2013
Tornar-se
Assim como tornar-se
um psicanalista,
tornar-se
um escritor
é uma questão de
hábito.
Você vai fazendo algumas
merdas
aqui e outras
ali
e um belo dia você faz um
tolete
que te lembra a
Vênus de Milo.
Ai você sabe que está no caminho certo.
Certo ou errado
é um caminho sem volta,
um desfile presidencial sem escolta:
você sabe que vai dar merda
mas você continua
indo
E ainda tem a coragem de
sorrir
no caminho.
quinta-feira, 10 de outubro de 2013
O Homem sem Opinião
O homem sem opinião faz isso.
É!
Exatamente isso!
Mas ele tem certeza do que está fazendo?
Bom,
são
vários
tópicos
e
pontos
a
serem
con-
siderados.
Mas ele, pelo menos, está
feliz?
Assim, ser
feliz
é algo que
pode ser
como que
importante. Claro.
Pra alguns,
pra outros,
pra uns
meio marotos.
Mas tem que ver isso aí.
Mas pelo menos o
homem sem
opinião se realiza todos os dias:
ele gosta muito da parte do horóscopo do jornal
e até está pensando em
fazer
uma assinatura de um site.
Mas disse que ainda precisa checar algumas
opiniões.
É!
Exatamente isso!
Mas ele tem certeza do que está fazendo?
Bom,
são
vários
tópicos
e
pontos
a
serem
con-
siderados.
Mas ele, pelo menos, está
feliz?
Assim, ser
feliz
é algo que
pode ser
como que
importante. Claro.
Pra alguns,
pra outros,
pra uns
meio marotos.
Mas tem que ver isso aí.
Mas pelo menos o
homem sem
opinião se realiza todos os dias:
ele gosta muito da parte do horóscopo do jornal
e até está pensando em
fazer
uma assinatura de um site.
Mas disse que ainda precisa checar algumas
opiniões.
Chá
E desce quente
o quanto for
pela minha garganta.
E desce firme,
gelada dor,
pelo meu corpo.
E desde sempre
, desde que me lembro
, desde que me desmembro,
as coisas são meio assim.
Assim como?
assim,
sem [ ]
o quanto for
pela minha garganta.
E desce firme,
gelada dor,
pelo meu corpo.
E desde sempre
, desde que me lembro
, desde que me desmembro,
as coisas são meio assim.
Assim como?
assim,
sem [ ]
quarta-feira, 9 de outubro de 2013
A Burocracia de um Assalto
- Olá, o que o senhor deseja?
- TODO MUNDO QUIETO ISSO AQUI É... um... assalto... Eu tenho uma arma!
Ele brandiu a arma pra cima, mas parece que os frequentadores do café não estavam prestando muita atenção naquilo, as conversas continuavam, as risadas, o barulho de talher e até mesmo a porra do sorriso da mulher no caixa.
- Mas que porra é essa? EU ESTOU ARMADO! Você não tá vendo não? - perguntou ele meio anestesiado para a caixa.
- Sim, senhor, pelo que eu entendi você gostaria de realizar um assalto, está correto?
- É óbvio! Eu estava gritando isso agora a pouco!
- Muito bem, o senhor conhece as opções da casa?
- Opções...?
- Sim, senhor, nós possuímos o assalto regular, que pode vir no tamanho pequeno, médio ou grande, temos o assalto simples, que é só da caixa registradora, temos os combos, que aí o senhor pode escolher alguns frequentadores pra poder roubar os pertences também.
- Não estou entendendo. - ele realmente estava perdido.
- Como o senhor está armado, recomendo o nosso novo assalto que tem feito muito sucesso, que é o assalto relâmpago à mão armada. Por apenas 500 reais você pode levar até 1000 reais direto da nossa caixa registradora!
- Pera aí, você tá maluca? Você tá dizendo que eu preciso pagar para poder te assaltar, EU TENHO UMA ARMA!
- Temos também a opção do assalto demorado a mão armada, que é um escolha mais sábia, tenho de concordar com o senhor. Por 700 reais você pode pegar até 5000 do caixa, que talvez seja nossa melhor oferta para você.
- Olha, mulher... Joana - é isso que tá escrito no crachá? Olha, Joana, eu preciso te falar uma coisa. Eu não venho assaltar os lugares carregado com 500, 700 reais. Se eu tivesse essa grana eu não estaria assaltando!
- Nós compreendemos, senhor. Se você puder preencher este formulário aqui, nós lhe daremos os 5000 reais agora e você pode pagar a taxa de 700 reais em até 4 vezes sem juros.
Neste momento, o ladrão que estava a beira de um colapso nervoso, resolveu avaliar suas opções. Pediu uma cópia do formulário e se afastou da direção do caixa, alguns clientes estavam impacientes para fazerem pedidos ou pagar a conta e este homem estava atrasando a todos. As informações eram simples - nome, endereço, idade, essas coisas. Ele preencheu seus dados e retornou ao caixa.
- Com licença, Joana, tá aqui, tudo prontinho.
- Senhor, aparentemente você esqueceu de registrar os números relativos à sua carteira de trabalho.
-Ah, sabe como é, comecei a roubar desde cedo então nunca nem me preocupei a ter uma carteira de trabalho, por isso deixei em branco.
- Senhor, aguarde só um instante, tudo bem?
- Claro! - ele estava realmente animado.
Alguns minutos depois um policial entra pela porta e se dirige até o caixa. Nosso colega ladrão fica preocupado, mas pelo menos sua arma estava guardada na sua calça. O policial se dirige tranquilamente até Joana, nossa colega caixa e pergunta:
- Foi aqui que teve um problema de assalto?
- Sim, infelizmente aquele senhor tentou cometer um ato ilícito. - apontou para o ladrão que agora puto sacou sua arma, o que mais uma vez pareceu não afetar ninguém.
- Você me enganou! Você falou que eu sairia daqui com 5000 reais e sem mais problemas!
- E sairia tranquilamente se não tivesse tentado cometer um delito, meu jovem - era o policial quem falava agora, sua voz era firme e de fato ele não parecia dar nenhuma atenção à arma.
- Como assim - delito? O assalto não era um delito?
- Senhor, você está familiar com a nova lei de furtos e assaltos aqui do estado?
- Lei do assalto? Lei do assalto é que foi pego se fudeu, né não?
- Senhor, a nova lei do assalto visa melhor atender a grande parcela de nossa população que se arrisca todos os dias assaltando para poder sobreviver ou enriquecer inescrupulosamente. A lei prediz que todo e qualquer assalto pode ser feito por um assaltante profissional registrado junto do sindicato de sua região. É importante também sempre lembrar de apresentar o recibo na hora de assaltar alguém, para que essa pessoa possa declarar no seu imposto de renda e o senhor também tenha os benefícios de ser um contribuinte.
- Tá maluco? Imposto de renda? Que porra é essa que tá acontecendo? Eu vou embora.
- Senhor, algum assalto, roubo ou furto foi cometido pelo senhor nos últimos tempos? - falou o policial impedindo a saída do nosso colega.
- O que o senhor está insinuando, hein??
- Ele me disse que assalta desde sempre e por isso não tem carteira assinada. - falou Joana com voz temerosa, nervosa, quase histérica.
- Senhor, receio que vá ter que prender o senhor. Você estava praticando ilegalmente a profissão de assaltante, além de suspeitar que o senhor está sonegando imposto de renda - esses crimes são graves, você pode ter certeza que vai passar muito tempo na cadeia.
Nosso colega estava oficialmente perdido, mas ainda tentava argumentar com o policial, que no final das contas parecia ser gente boa.
- Mas olha só, eu não estava familiarizado com essas coisas, sabe seu guarda? Se eu soubesse eu juro que teria feito diferente, você tem que acreditar. É que sabe, a gente não pensa que vai precisar de tanto, né? Daqui a pouco vou até ter que fazer faculdade pra essas coisas! - disse nosso colega rindo, tentando quebrar o clima.
- Você nunca teve a chance de fazer uma faculdade?
- Não, claro que não, se não eu poderia fazer até outra coisa! - nosso colega estava confiante.
- Seu espertinho! Você estava quase fazendo com que eu cedesse, mas agora eu percebo com quem eu estou lidando - fazendo tudo que fez e não tem UM DIPLOMA DE GRADUAÇÃO? O senhor deveria estar envergonhado de tentar me enganar desse jeito, todo mundo sabe hoje em dia que em 2 anos você pega um técnico de assalto e pode entrar no mercado negro de trabalho. Seu pilantra de merda - disse o policial abaixando nosso colega pela cabeça e enfiando na parte de trás do camburão - você tem o direito de permanecer....
Sem título
Tomo,
das tuas mão
o quadro que eu pintei.
Rogo
o teu perdão
Das feridas que causei.
Peço que me escute,
ouça,
quero que me leve, logo ali
no meu lugar.
Sim, eu sei, não
pode
me levar.
Verei, então
até onde vou,
sangrar
.
Se o sangue
escorre, eu
escorro junto?
Se eu não desisto,
eu existo ou
minto?
As vezes minto.
As vezes sinto.
As vezes.
das tuas mão
o quadro que eu pintei.
Rogo
o teu perdão
Das feridas que causei.
Peço que me escute,
ouça,
quero que me leve, logo ali
no meu lugar.
Sim, eu sei, não
pode
me levar.
Verei, então
até onde vou,
sangrar
.
Se o sangue
escorre, eu
escorro junto?
Se eu não desisto,
eu existo ou
minto?
As vezes minto.
As vezes sinto.
As vezes.
Wind of Change
Onde estavam as palavras que fugiram daqui por um ano?
Um amigo veio me perguntar se eu havia abandonado o blog, pois não havia postado desde o ano passado. O que mais me surpreendeu foi que havia um ano que eu havia postado algo e eu ainda me lembrava como se fosse ontem, do último poema que postei aqui. Lembro do dia, lembro da inspiração, lembro de detalhes que surgiram no momento e foram se unindo ao celular de penúltima geração.
Gostei muito de escrever aquele poema. Fico me perguntando qual vai ser o próximo. Quer dizer, escrevi um ou outro, nesses últimos tempos, mas nada que eu achasse legal pra valer. Vira e mexe eu sinto uma urgência de escrever, mas desde que este blog começou, parece que cada vez mais o que eu ia escrevendo ia se tornando mais íntimo e precisava se voltar para dentro.
Comecei uma espécie de diário, que não escrevo todo dia, mas que serve pra guardar algumas reflexões pessoais.
O que me deixa pensando que talvez esse blog poderia dar uma guinada par ao lado mais criativo das coisas e menos intelectual/reflexivo. Por que não escrever algumas bobagens? Pequenos contos, poesias, poemas, blá blá blemas. Tenho talvez uma idéia de uma história mais a longo prazo postada em partes aqui. Vamos ver o que acontece =)
Só espero que aconteça.
André.
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